segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Ver Paris (4)

Daniel Quesnay - Rétour à Paris (2005)

Livro - Apreciação: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Os postais tiveram o seu tempo de glória quando ainda não havia turismo de massas, ou seja quando não havia ainda folhetos e filmes. Foi há um século atrás. Em rigor, não se pode dizer que fossem um recurso de divulgação turística. Havia, sobretudo, propósitos artísticos ou documentalistas na utilização de um recurso, a fotografia, relativamente novo e sem concorrência em matéria de registo visual. Por outro lado, o turismo estava reservado a elites que optavam por um restrito leque de destinos conhecidos e prestigiados.
Se há cidade que tem muitos postais, Paris é uma delas. Neste álbum o que se faz é, nos mesmos sítios, comparar postais de há um século com fotos da actualidade. O objectivo deste tipo de obras é causar surpresa pelas mudanças que se ilustram - o que é fácil de conseguir em quem está familiarizado com os respectivos lugares. Porém, para quem não está familiarizado, não é tanto assim... É que o distanciamento permite outras observações. Nesta linha, diria que o álbum aqui em apreço pode servir tanto para verificar mudanças como para constatar permanências.
Paris não é uma cidade refeita e muito menos em ruínas. Lisboa e Porto são cidades simultaneamente refeitas e em ruínas - refeitas na forma abrupta como se implantaram tão grande quantidade de novos edifícios; em ruínas, na forma desleixada como se degradaram tão grande quantidade de velhos edifícios. Paris restaura, preserva, adapta. É certo que não foi sujeita a bombardeamentos como outras cidades europeias, mas não é menos certo que a harmoniosa continuidade na evolução do património edificado retrata uma força de carácter. Basta ver o que é detectável neste livro: exteriormente, as casas de Paris, hoje, são como há um século atrás. Das chaminés às persianas. O estilo mantém-se e o moderno integra-se; e moderno com impacto, se for preciso...


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