De fora não é fácil aperceber a projecção de Mina em Itália. Ajudará, quanto muito, a memória que alguns ainda terão dos programas musicais da RAI nos anos 60 e inícios de 70, onde Mina era figura de destaque. Sob o vigente império do mainstream, como produto exportável, Mina não tem grande viabilidade comercial. Por cá, é difícil encontrar algum CD de Mina. Uma boa iniciação será através de uma antologia, mas as que se conseguem encontrar não cobrem mais do que os anos 60. Ora, sucede que a partir de 1967 Mina passou a gravar para a sua própria editora, PDU, direccionada para o mercado italiano e suíço. A grande maioria da sua discografia é, portanto, desta editora, incluindo as melhores antologias. É claro que um bom minófilo tende a torcer o nariz a qualquer antologia, encontrando motivos de escândalo por se deixar de fora um punhado de temas da sua predilecção. Ainda assim, Oggi ti amo di più é uma das mais consensuais. Basta dizer que começa, com três preciosidades consagradas: Grande, grande, grande; L'Importante e' finire; Ancora, ancora, ancora - esta última, note-se, nunca saiu em álbum de originais. Tem, ainda, outra mais-valia: a capa. Com efeito, se bem que o esmero visual seja uma constante dos seus álbuns, esta capa é de um invulgar romantismo. Ajusta-se na perfeição ao título, também ele de ressonância romântica.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
Oggi ti amo di più...
De fora não é fácil aperceber a projecção de Mina em Itália. Ajudará, quanto muito, a memória que alguns ainda terão dos programas musicais da RAI nos anos 60 e inícios de 70, onde Mina era figura de destaque. Sob o vigente império do mainstream, como produto exportável, Mina não tem grande viabilidade comercial. Por cá, é difícil encontrar algum CD de Mina. Uma boa iniciação será através de uma antologia, mas as que se conseguem encontrar não cobrem mais do que os anos 60. Ora, sucede que a partir de 1967 Mina passou a gravar para a sua própria editora, PDU, direccionada para o mercado italiano e suíço. A grande maioria da sua discografia é, portanto, desta editora, incluindo as melhores antologias. É claro que um bom minófilo tende a torcer o nariz a qualquer antologia, encontrando motivos de escândalo por se deixar de fora um punhado de temas da sua predilecção. Ainda assim, Oggi ti amo di più é uma das mais consensuais. Basta dizer que começa, com três preciosidades consagradas: Grande, grande, grande; L'Importante e' finire; Ancora, ancora, ancora - esta última, note-se, nunca saiu em álbum de originais. Tem, ainda, outra mais-valia: a capa. Com efeito, se bem que o esmero visual seja uma constante dos seus álbuns, esta capa é de um invulgar romantismo. Ajusta-se na perfeição ao título, também ele de ressonância romântica.
Campeões Primitivos
2 - Aston Villa FC - 29
3 - Wolverhampton Wanderers FC - 28
4 - Blackburn Rovers FC - 26
5 - Bolton Wanderers FC - 22
6 - West Bromwich Albion FC - 22
7 - Accrington FC - 20
8 - Everton FC - 20
9 - Burnley FC - 17
10 - Derby County FC - 16
11 - Notts County FC - 12
12 - Stoke FC - 12
Com excepção do Accrington FC, todos estes clubes fundadores continuam activos em divisões profissionais. Aliás, metade compete na presente Premier League. Everton FC, Aston Villa FC e Wolverhampton Wanderers FC têm um rico historial competitivo. Quanto ao primitivo campeão, Preston North End FC, se é certo que as suas glórias se limitam a este título, ao título da edição seguinte e à conquista de duas Taças (AF Cup), não é menos certo que ao longo da sua longa história tem levado uma existência modesta mas tranquila. Nas últimas épocas tem militado na League Championship, ou seja, no segundo escalão, tendo vindo a terminar em posições da 1ª metade da tabela. Tem, geralmente, assistências médias por época superiores a 10.000 espectadores por jogo.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Vademecum Futbolero
Os Guías Marca de la Liga são, ano após ano, o vademecum, por excelência, do aficionado espanhol mais exigente. O deste ano tem 434 páginas repletas de informação, onde o futebol espanhol está documentado até à exaustão e o mundial devidamente sintetizado. Com efeito, tem a ambição de cobrir o essencial do futebol mundial, propósito em que que só é superado, nomeadamente em registos estatísticos, por publicações como o Almanack of World Football - anuário da FIFA. Nisto, o contraste com o paroquialismo das nossas publicações é chocante. Aliás, em rigor, chocante é a diferença sistemática em quantidade de informação e na forma como é apresentada. O grafismo é não só apelativo como eficaz. A cor, o tipo de letra e outros elementos, devidamente legendados têm significado informativo. Por outro lado, a concepção gráfica aponta claramente para a distinção entre essencial e acessório. O que se nota de forma especial na apresentação do plantel das equipas, onde há trabalho de edição que se distingue do trabalho burocrático de despejar a informação remetida pelas instâncias oficiais.
A Guía Marca de la Liga só não é a perfeição porque, para além de um ou outro erro de detalhe em matéria de futebol fora de Espanha, de resto compreensível, não conseguiu resolver o maior problema que afecta este tipo de publicações: a rápida desactualização da informação sobre a composição de plantéis, tendo em conta a necessidade de sair para as bancas antes do termo do prazo limite de contratações de jogadores.
Anos 60, Rive Gauche: Nino Ferrer
Esta colectânea ilustra a trajectória da sua carreira francesa. Por aqui se pode ver como evoluiu, de um modo que o levaria a um experimentalismo difícil de definir, mas, em todo o caso, abraçando géneros distantes da simplicidade e alegria pop dos anos 60. Não é um simples CD, já que este está integrado num pequeno livro com documentação sobre o artista e excelente grafismo.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
Ver Paris (5)
Mapa / Guia - Apreciação: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Já agora uma observação para a organização em arrondissements. À imagem dos départements, deve ser uma das heranças do racionalismo jacobino em matéria de administração territorial. Mas, do mesmo modo, foi a divisão adequada, na medida em que está entranhada na vida da cidade e parece ser, ao contrário das nossas freguesias urbanas, funcional.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Ver Paris (4)
Se há cidade que tem muitos postais, Paris é uma delas. Neste álbum o que se faz é, nos mesmos sítios, comparar postais de há um século com fotos da actualidade. O objectivo deste tipo de obras é causar surpresa pelas mudanças que se ilustram - o que é fácil de conseguir em quem está familiarizado com os respectivos lugares. Porém, para quem não está familiarizado, não é tanto assim... É que o distanciamento permite outras observações. Nesta linha, diria que o álbum aqui em apreço pode servir tanto para verificar mudanças como para constatar permanências.
Paris não é uma cidade refeita e muito menos em ruínas. Lisboa e Porto são cidades simultaneamente refeitas e em ruínas - refeitas na forma abrupta como se implantaram tão grande quantidade de novos edifícios; em ruínas, na forma desleixada como se degradaram tão grande quantidade de velhos edifícios. Paris restaura, preserva, adapta. É certo que não foi sujeita a bombardeamentos como outras cidades europeias, mas não é menos certo que a harmoniosa continuidade na evolução do património edificado retrata uma força de carácter. Basta ver o que é detectável neste livro: exteriormente, as casas de Paris, hoje, são como há um século atrás. Das chaminés às persianas. O estilo mantém-se e o moderno integra-se; e moderno com impacto, se for preciso...
domingo, 23 de agosto de 2009
Bolero em Catalão
El Gitano del Bolero
Moncho é diminutivo de Ramón e, neste caso, é o nome artístico de Ramón Calabuch, cigano barcelonês, conhecido como El Gitano del Bolero. Nunca esteve propenso para o flamenco ou para a rumba, mas antes para o... bolero. Nos anos 70 atingiu alguma notoriedade com gravações que são uma referência no seu género. Nos anos 80 caiu no esquecimento, passou de moda. Ressurgiu nos anos 90 com novas gravações, embora produzidas com arranjos um pouco melosos. Ultimamente tem vindo a fazer gravações com um nível de produção superior, seguindo duas vias: por um lado, a tradicional, continuando a desbravar o território do bolero puro e duro; por outro lado, a inovadora, cantando boleros ou canções bolerizadas em catalão, incluindo temas de Joan Manuel Serrat.
Este é um dos seus últimos álbuns, que confirma uma trajectória ascendente. Desta feita, tem a colaboração de vários artistas da cena flamenca, enquanto o repertório é constituído por boleros que havia gravado nos anos 70. Participam, como pares de dueto ou instrumentistas, Diego el Cigala, Jorge Pardo, Lolita, Parrita, Tomatito, entre outros. A opção foi, portanto, fundir flamenco e bolero, algo que nunca tinha feito. Resulta numa mistura quente, na maior parte dos temas, dominada por uma sonoridade rumbera - algo irónico, tendo em conta o título, El Arte del Bolero. Os arranjos são excelentes e a voz de Moncho nunca suou tão expressiva na sua tonalidade agridoce, tendo aqui mais uma demonstração de como as suas qualidades transcendem o bolero. De facto, este álbum veio dar mais sentido ao apodo El Gitano del Bolero. Para tornar o empreendimento exemplar, refira-se ainda que o DVD tem um documentário que explica como as gravações foram feitas e apresenta os artistas convidados.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Edith Piaf
Esta colectânea de Edith Piaf é constituída por 45 temas divididos por 3 CDs. Para além de abranger os temas mais importantes, tem notas informativas sobre cada um e uma breve resenha da sua vida e obra. Saiba-se que há 2 edições integrais das suas gravações: uma, luxuosa, ligeiramente acima dos 100€ e outra, minimalista, por um incrível preço em torno dos 25€.
As gravações de Edith Piaf estenderam-se pelos anos 40, 50 e início dos 60. Era uma época em que, com excepção dos EUA e, eventualmente, da Grã-Bretanha, não havia ainda álbuns LP. O formato dominante era o EP de 78rpm, que permitia, no máximo 4 canções - duas de cada lado. Os primeiros álbuns apareceram, aliás, como compilações de EPs. Presumo, portanto, que Piaf não tenha álbuns LP originais. Para os artistas cuja obra gravada se encontra nestas circunstâncias as compilações têm maior importância e é pena que não sejam frequentes as que são feitas criteriosamente e com informações adicionais. Piaf, graças à projecção que tem, ainda assim é uma das excepções, pois, como referi, da sua obra existem duas compilações integrais e algumas compilações de média extensão e qualidade aceitável como é o caso desta.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Ver Paris (2)
Este DVD, também da Éditions Montparnasse, pode ser considerado um complemento de Paris, la visite. Os objectivos são diferentes. Dado cingir-se a meios exclusivamente aéreos, o que se pretende são visões panorâmicas. À partida, as cidades mais indicadas para um documentário deste género são as que estão situadas em enquadramentos naturais com impacto, a não ser que sejam suficientemente monumentais... Ora, esse é o caso de Paris. Reconheça-se que não serão muitas as cidades, que só por si, sustentariam um documentário exclusivamente aéreo, com quase uma hora de duração.
Sylvain Augier, o realizador, já tem no seu curriculo La France Vue du Ciel e Le Nord - Pas de Calais Vu du Ciel. É um especialista em documentários aéreos. Aqui temos mais uma prova. A única menor valia a assinalar é que a qualidade técnica do vídeo não está ao nível de excelência de, por exemplo, Paris, la Visite.
Ver Paris (1)
Antes de mais, diria que estamos perante o non plus ultra em matéria de documentários sobre cidades. A Montparnasse Édtions é a responsável e, deve-se dizer que tendo em conta mais outros dois DVDs (Louvre, Versailles) da mesma colecção, La visite, é uma editora que convém registar como referência de qualidade.
Neste documentário tudo é excepcional: a qualidade de vídeo, que não sendo HD, não deixa de ser soberba; o texto, que reúne qualidades literárias e informativas; o conceito que lhe está subjacente e que reproduz num ciclo de 24 horas a evolução histórica da cidade; a fotografia, oscilando adequadamente entre o poético e o realista; a música, através de bonitos temas alusivos à cidade e que podem também ser vistos como videoclips autonomamente. Este último aspecto é de relevo, pois basta dizer que o primeiro tema é Il est Cinq Heures, Paris s'Éveille, de Jacques Dutronc e o último é Mon Manège à Moi, de Edith Piaf. Diferentes facetas da cidade são apresentadas de modo sugestivo. E a matéria-prima é do melhor. Ou seja, Paris é o que é, dos seus encantos já tudo parece ter sido mostrado, mas o documentário consegue ajudar a conhecer e amar ainda mais a cidade.
domingo, 16 de agosto de 2009
Paris: Brasseries
Hoje em dia, são uma referência no que à boca diz respeito, mas também, note-se, no que diz respeito à vista. De facto, seguindo ou não o dominante estilo art déco, são espaços com encanto. O serviço, impecavelmente ataviado, é desembaraçado, simpático e eficiente. Dentro deste molde há variedade. Algumas são castiças, como Au chien qui fume e Au pied de cochon (ambas na zona de Halles). Outras são quase instituições de serviço público, como L'Alsace, em pleno Champs Elysées - pejada de turistas e aberta 24 horas por dia (não é a única). Outras acolhem VIPs do millieu político e intelectual, como a Lipp, em Saint-Germain-des-Prés. Outras, ainda, estão integradas em edifícios de grandes gares, onde, de certo modo, se pode reviver os tempos áureos do caminho-de-ferro, como Terminus Nord (Gare du Nord) e Le train bleu (Gare de Lyon).
O livrinho aqui em apreço é um guia com informações e fotos sobre 49 das mais conhecidas brasseries de Paris, agrupadas por arrondissaments. O texto é de François Thomazeau e as fotos são de Sylvain Ageorges. É da editora Parigramme, especializada em temática sobre a cidade. É de ter em conta para os amantes de Paris e da boa mesa.
E termino, voltando à questão inicial. Como definir brasserie? É incontestável o seu lugar na hierarquia da restauração. Mas, mais do que estar acima de bistrôt e abaixo de réstaurant, é um lugar que se distingue pelo estilo e ambiente, o qual se pode resumir em descontracção, elegância, bom gosto e sentido prático.
Paris: O Bom-Gosto das Coisas Comuns
Soy un Perro Callejero
Em 1981, em Madrid, ouvi numa emissora de rádio uma rumba-pop, Por la Calle Abajo. Era simples e alegre, como convém ao género. Contudo, tinha um arranjo marcadamente moderno. Era o meu primeiro contacto com Los Chunguitos. Desde então fui seguindo esse trio gitano, reunindo uma boa parte da sua extensa discografia. Alguns anos mais tarde, um álbum gravado ao vivo incluía o tema que inspira o título deste blog: Perros Callejeros. O original tinha sido gravado em finais dos anos setenta e integrara a banda sonora do filme Perros Callejeros II (1982). A versão ao vivo tem uma introdução orquestral espectacular. A letra tem impacto; é sobre um jovem marginal, protagonista do filme, El Torete. O mundo da delinquência é, aliás, um lugar comum da temática rumbera, mas este exemplo consegue ser original e épico. É um hino de todos os que, por alguma razão e de algum modo, descambaram para as margens da vida.