domingo, 16 de agosto de 2009

Paris: Brasseries

François Thomazeau / Sylvain Ageorges - Brasseries de Paris (2006)

Livro - Apreciação: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Reconhecer uma brasserie é fácil, mas definir em que consiste é mais difícil... A introdução do livrinho começa precisamente por este paradoxo, que se acentua com a resenha histórica de como surgiram e se desenvolveram. Com efeito, hoje em dia, é difícil perceber a sua origem popular. Além disso, caracterizava-se por servir rápido. Foram nesse tempo (último terço do século XIX) uma espécie de fast food (vade retro, miserável evocação!), invenção de alsacianos. Saber isto faz surgir a comparação com as cervejarias. É, talvez, uma comparação aceitável desde que eliminemos a conotação popularucha que lhe está associada. É que, mesmo na sua modéstia inicial, as brasseries ambicionavam uma certa elegância. Aliás, desde o início que foi evidente que tinham um caminho a seguir. Antes de terminar o século XIX, já eram interclassistas e muitas eram frequentadas por artistas, intelectuais e políticos. Com o tempo, evoluíram e tornaram-se requintadas sem caírem no elitismo.
Hoje em dia, são uma referência no que à boca diz respeito, mas também, note-se, no que diz respeito à vista. De facto, seguindo ou não o dominante estilo art déco, são espaços com encanto. O serviço, impecavelmente ataviado, é desembaraçado, simpático e eficiente. Dentro deste molde há variedade. Algumas são castiças, como Au chien qui fume e Au pied de cochon (ambas na zona de Halles). Outras são quase instituições de serviço público, como L'Alsace, em pleno Champs Elysées - pejada de turistas e aberta 24 horas por dia (não é a única). Outras acolhem VIPs do millieu político e intelectual, como a Lipp, em Saint-Germain-des-Prés. Outras, ainda, estão integradas em edifícios de grandes gares, onde, de certo modo, se pode reviver os tempos áureos do caminho-de-ferro, como Terminus Nord (Gare du Nord) e Le train bleu (Gare de Lyon).
O livrinho aqui em apreço é um guia com informações e fotos sobre 49 das mais conhecidas brasseries de Paris, agrupadas por arrondissaments. O texto é de François Thomazeau e as fotos são de Sylvain Ageorges. É da editora Parigramme, especializada em temática sobre a cidade. É de ter em conta para os amantes de Paris e da boa mesa.
E termino, voltando à questão inicial. Como definir brasserie? É incontestável o seu lugar na hierarquia da restauração. Mas, mais do que estar acima de bistrôt e abaixo de réstaurant, é um lugar que se distingue pelo estilo e ambiente, o qual se pode resumir em descontracção, elegância, bom gosto e sentido prático.

1 comentário:

  1. Também não sei definir "brasserie", mas talvez não seja o mais importante. O que importa é o conceito, e este também chegou a Portugal, se não estou enganada, nos finais dos anos 90. Abria, então, "La Brasserie de L'Entrecôte", na Rua do Alecrim. Anos mais tarde nascia a sua homónima no Parque das Nações. Almoçei na primeira e, fiquei encantada logo à entrada. Gostei de tudo - do ambiente, do serviço, da ementa. Respirava-se requinte e eu, assumidamente, gosto disso.
    Enfin, un petit peu de Paris a Lisbonne...

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